Em recente encontro com a imprensa na capital paulista, Gil Rosen, CMO da Amdocs, refletiu sobre o protagonismo da tecnologia na transformação dos setores da economia, principalmente após o leilão de 5G, ocorrido no Brasil, em 4 de novembro. Rosen ressaltou que o maior desafio para as operadoras e indústria de telecomunicação, pós-leilão, será educar o mercado para as possibilidades de utilização da tecnologia. Segundo o executivo, mesmo o 5G melhorando a velocidade de conexão e de download, ele não está só limitado a esse recurso.
No encontro, ele destacou como essa chegada do 5G é uma oportunidade para as empresas ofertarem mais do que um serviço de conectividade, mas também produtos e serviços. “Nós fizemos uma pesquisa global e encontramos um grande gap entre o que a rede 5G oferece e o que as pessoas acham o que o 5G significa. O gap – e não digo que ele é tecnológico, mas sim de percepção – que nos foi fornecido pela pesquisa, é de que 3G, 4G e 5G correspondem a ‘rápido, mais rápido, ultrarrápido’. Isso é o que as pessoas acham do 5G: que ele é apenas uma conexão super-rápida, mas a verdadeira revolução do 5G vai muito além da ultravelocidade”. Para Rosen, “redefinir a narrativa e a segmentação é equivalente a muitas oportunidades de negócios novas”. É por isso que ele fala da necessidade de educar os consumidores e faz o alerta para a indústria: quem não aproveitar o momento, vai ficar para trás.
Para ilustrar o potencial de negócios que o 5G oferece, apresentou um vídeo sobre um sistema informatizado conectado a uma rede 5G, baseado em um caso real de uma fazenda de maçãs nos Estados Unidos. Através da conexão deste sistema com a boa qualidade de rede, criava-se a possibilidade de um drone sobrevoar a plantação e fazer análises, em tempo real, das condições da região. De forma muito rápida, o drone escaneava a área e enviava dados para um edge do fazendeiro próximo às plantações que, através dos resultados processados, conseguia acionar ou bloquear sistemas de irrigação automatizados, fazer controle de pragas e otimizar resultados das colheitas, entre outras providências. O resultado que a fazenda teve depois da implementação foi de uma colheita quase 50% maior que a do ano anterior.
Resultados inusitados
A pesquisa Amdocs Inside Marketing, realizada com mais de 10 mil consumidores e mais de 1000 executivos, revela o que pode ser mais esperado do 5G. Os dados revelaram que 37% dos empresários encaram a velocidade como o maior benefício do 5G. Se for feito um recorte entre os empresários da América Latina, o valor sobe para 50%. Por este motivo, o executivo enxerga a oportunidade de educar os consumidores para esta chegada. 20% acham que a segurança, a confiabilidade e a resiliência são as maiores qualidades, enquanto que outros 20% acreditam que na disponibilidade e na cobertura da rede.
Outros dados do estudo revelam que, para o maior número de entrevistados, o 5G, ao contrário do que era esperado, não vai ser endereçado, primeiramente, aos servidores e provedores da nuvem. 29% deles acreditam que o 5G chegará primeiro para melhorar o trabalho dos fornecedores de TI. Para os latinos, o número já sobe para 43%. 21% dos entrevistados acreditam que a tecnologia será implementada para as demandas dos integradores de sistemas. 16% acham que a rede vai estar disponível, em primeiro lugar, aos fabricantes de equipamentos de telecomunicações. Só 12% – e, entre os latinos, o número chega a 10% – acreditam que a rede será endereçada aos provedores de nuvem.
A pesquisa ainda mostra que os empresários entrevistados também esperam mais dos serviços em nuvem. 16% do total e 17% dos latinos acreditam que os serviços de nuvem entregarão soluções end to end (E2E), ou seja, de ponta a ponta. Já 89% dos entrevistados – e 94% daqueles que residem na América Latina – acreditam que os serviços de nuvem devem fornecer mais do que só a conexão. Ou seja, com a rede 5G, os serviços de nuvem podem oferecer soluções para todos os tipos de negócio.
Diferenciais da rede 5G no Brasil
O 5G foi lançado no mundo no final de 2018 no formato não NSA e chegará ao Brasil agora, com suas duas redes: a standalone (SA) e a não standalone (NSA). A rede standalone (SA) é a estrutura que não depende das redes de 4G e as que entregam os verdadeiros benefícios do 5G, incluindo aqueles que não são tão conhecidos: alta taxa na transferência de dados, baixa latência e maior número de acessos por km² sem perda de qualidade. Já a rede não standalone (NSA) é a que é implementada nas estruturas de 4G. É ela que possibilita o aumento da velocidade da navegação e de transferência de dados.
Diferentemente dos outros países, que começaram a implementar a tecnologia 5G com as redes NSA para, só então, depois de alguns anos, passar para o 5G SA, o Brasil implementará as duas de forma simultânea. Concluindo, a mensagem é: o 5G chegou e novas maneiras de ver e fazer negócios surgirão, em todos os setores. O mercado brasileiro está preparado?