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O que deve acontecer com as PMEs se o crédito emergencial acabar

por admin

O ano de 2020 será lembrado pelos enormes e inesperados desafios que as micro, pequenas e médias empresas enfrentaram. “Além da pandemia de covid-19, com a grande perda de vidas e a crise econômica gerada, os empresários tiveram de lidar com a falta de crédito, já que, de um momento para o outro, a maior parte dos recursos disponíveis no sistema financeiro simplesmente desapareceram ou tornaram-se inalcançáveis, por diversas razões”, afirma Felipe Avelar, CEO da startup Finplace, fintech que conecta de forma gratuita empresas que precisam de crédito com instituições financeiras.

Já na segunda quinzena de março, por causa da quarentena, muitos negócios começaram a fechar suas portas. Sem operar, não geravam receita. Sem receita, não tinham como pagar os salários dos funcionários, e as demissões começaram. Para sobreviver, a maioria correu aos bancos em busca de empréstimos, mas as instituições financeiras quase sempre os negavam.

O Governo Federal disponibilizou linhas emergenciais de crédito, mas esses valores dificilmente chegavam às empresas. Levantamento feito em abril pelo Sindicato de Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi) revelou que mais de 90% dos micro e pequenos empreendedores não conseguiam crédito. Na ocasião, o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese), por exemplo, tinha reservado R$ 40 bilhões para o pagamento da folha de salários de pequenas e médias empresas. Porém, só R$ 1,6 bilhão havia sido sacado – menos de 4% do total –, já que algumas exigências do programa excluíam automaticamente milhares de empresas.

A primeira providência efetiva para alterar esse cenário foi a criação, em maio, do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), menos burocrático. O mais importante é que o Pronampe oferecia garantias do poder público na cobertura de eventuais não pagamentos, por meio do Fundo Garantidor de Operações. Os bancos enfim começaram a liberar o dinheiro.

Inicialmente o Pronampe recebeu um aporte de R$ 15,9 bilhões, que logo acabou. Em julho foram disponibilizados mais R$ 12 bilhões, que também foram absorvidos rapidamente pelas empresas. Por fim, na metade de novembro o Senado aprovou a extensão do Pronampe, e autorizou a União a repassar mais R$ 10 bilhões ao FGO. O dinheiro do programa já beneficiou cerca de 450 mil empresas de pequeno porte. Sem ele, a recessão que atinge o mercado – a economia brasileira sofreu uma contração de 5,8% em 2020, segundo a última projeção do FMI – seria ainda pior.

Aqui, porém, surge um sério obstáculo: a dotação extraordinária para o Pronampe só podia ser usada até o fim de 2020. Em 2021 não haverá como manter o programa nos moldes atuais, a não ser que o Poder Legislativo autorize novos aportes no FGO – o que é politicamente difícil de ocorrer. 

O ano de 2020 acabou, mas as sequelas que deixou no Brasil ainda levarão um bom tempo para serem sanadas. Um exemplo: é quase certo que o Brasil deixará o grupo dos 10 países com maiores PIBs do globo. Será ultrapassado pelo Canadá, pela Coreia do Sul e pela Rússia, caindo para a 12ª posição.

“Em tal cenário de crise, seguir financiando as empresas pode ser difícil, mas é absolutamente essencial. Se o crédito secar por completo, os negócios de menor porte, sustentáculos de nossa economia, pagarão um preço alto”, ressalta Felipe Avelar, CEO da startup Finplace. Sem empréstimos, as empresas perderão a capacidade de investimento e não terão o capital de giro necessário para seguir em frente. Muitas fecharão as portas em definitivo e empregos serão perdidos.

“E como seguir emprestando às empresas? Há saídas para tal dilema, mas demandam decisão e coragem política do gestor público. Primeiramente, é necessário investir em privatizações. Com a venda de ao menos algumas estatais é provável que houvesse dinheiro suficiente para prorrogar por mais algum tempo iniciativas como o Pronampe”, explica Avelar, da Finplace

De acordo com o executivo, desde o início da atual gestão vem sendo prometida uma reforma administrativa. “A racionalização das carreiras públicas e o fim dos supersalários pagos a servidores no topo da pirâmide do Estado trariam recursos para que seguissem os empréstimos às empresas”, avalia Avelar, da Finplace.

Segundo o executivo, os entes privados (bancos e demais financiadores) deveriam passar a fazer uso mais intenso de mecanismos garantidores de crédito particulares, e assim poderiam emprestar mais, sem depender tanto do governo. “As micro, pequenas e médias empresas precisarão do oxigênio do crédito para sobreviverem a 2021, assim como precisaram em 2020”, completa o executivo da Finplace.

Website: http://www.finplace.com.br

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