Há quase 100 anos, com o crash da bolsa de Nova York em 1929, o mundo mudou, as pessoas passaram a buscar mais produtividade e também novas formas de diversão. Duas empresas relativamente pequenas perceberam a oportunidade, investiram todo seu esforço e dinheiro e se tornaram gigantes. Trata-se da IBM e da DISNEY, que, por incrível que pareça, receberam um “empurrão” da crise.
Foi pela falta de compradores para o café brasileiro durante os anos 30 que um grupo de empresários tupiniquins foi até a Nestlé, na Suíça, e a desafiou a resolver o problema de conservação e distribuição do excedente de café gerado pela crise. A empresa criou o café solúvel e a NESCAFÉ, a ideia salvou a produção brasileira e acabou criando a marca mais valiosa da Nestlé.
O ciclo se repete. Na segunda guerra mundial, pela proibição de importar xarope, a Coca-Cola da Alemanha criou a FANTA. E pela falta de cacau no mercado, um empreendedor viu a solução nas avelãs, e então surgiu a NUTELLA.
Em 1973, em meio à crise do petróleo surgiu a LOCALIZA, hoje considerada a maior locadora de automóveis da América Latina. Enquanto outros evitavam investimentos no segmento automotivo, a empresa entendeu que deveria ser diferente e focou na qualidade do serviço. Outra crise da indústria petroleira, agora em 1979, expandiu sua atuação para outras localidades, se consolidou, e hoje está presente em mais de 370 cidades e em 9 países.
Empreendedores x Crise
Crises como esta têm efeitos interessantes nas cabeças empreendedoras, sempre preparadas para transformar limões em limonadas. A crise mundial de 2008 abriu espaço para startups que criavam fontes de renda para as pessoas que sofreram com as demissões em massa e escassez no crédito devido à crise de confiança. Foi nesse cenário que UBER e AIRBNB enxergaram a oportunidade de expandir seus negócios, oferecendo novas formas de se ganhar dinheiro.
Entre 2008 e 2010, surgiram empresas que mudaram a vida das pessoas em todo o mundo, como WhatsApp (2009), Groupon (2008), Instagram (2010 – do brasileiro Mike Krieger), Pinterest (2010), e Slack (2009).
E agora?
São vários os casos de empresas e visionários que fizeram e fazem história ao longo dos anos. Mas, e agora? Como a pandemia de Covid-19 vai impactar na vida das empresas e dos profissionais brasileiros? E como os empreendedores reagirão a essa mudança brusca no estilo de vida das pessoas?
Para começar, um caminho é claro: as soluções serão digitais. Home office, aulas online, infoprodutos, reuniões e interações online estão no dia a dia de todos. Empresas e profissionais que dependiam de ambientes físicos para prestarem seus serviços buscam alternativas para manter seus negócios.
A XP Investimentos já anunciou que manterá o home-office de forma permanente, pelo menos para uma parte dos colaboradores. Varejistas investem pesado em e-commerce, repensam a função das lojas físicas e já veem os resultados. Magazine Luiza e B2W (união da Submarino, ShopTime e Americanas.com) se destacaram nessa crise, multiplicaram suas vendas online e hoje já têm valores de mercado superiores às máximas pré-covid.
Profissionais autônomos estão sozinhos?
Profissionais autônomos também tiveram que se reinventar. Com salas de aula, consultórios e escritórios vazios, psicólogos, nutricionistas, professores particulares, consultores e coaches correram para as plataformas de atendimento online, buscando alternativas para evitar a interrupção de suas atividades.
Fundada há menos de um ano, a NuVidio, uma plataforma de videoatendimento para profissionais estava iniciando os testes em massa quando a pandemia chegou e acelerou todo o processo. Januária Queiroz, ou Janu como prefere ser chamada, cofundadora da startup, fala como a crise acelerou o negócio. “Quando tivemos a ideia, no ano passado, acreditávamos que em breve o mercado para atendimentos por vídeo e online cresceria rapidamente. Mas a pandemia do Coronavírus deu um empurrão no mercado.”
Janu complementa que estes eventos obrigam as pessoas e mercados a se adaptarem rapidamente. “As pessoas ainda estão despreparadas, o atendimento por vídeo vai muito além da videochamada. O profissional precisa pensar em toda a experiência do cliente. Ele tem que estar acessível no Google, melhorar a forma de agendamento, facilitar o pagamento, preparar a videochamada e acompanhar a evolução do cliente.”
Ao aliar um produto novo com uma demanda também nova, a expectativa é de crescimento exponencial. “Nossa ideia foi reunir todas essas ferramentas em um só lugar, desde a criação de um site profissional até os lembretes na hora de cada atendimento. Facilitamos a vida do profissional e agora a recepção do mercado está excelente. Esperamos crescer mais de 200% este ano.” completa Janu.
Outras startups se adaptaram através de adequações aos serviços que já prestavam. É o caso da Apponte.me, startup criada há quatro anos em Santo André-SP, para descomplicar e reduzir o custo do controle de pontos. Criou uma maneira de registrar o ponto de forma mais digital ao tirar a foto do colaborador, seja com um tablet para registro no escritório ou um aplicativo para funcionários remotos. Hoje, cerca de 5.400 CNPJs usam as soluções da startup.
Há esperança
Com certeza o cenário não é confortável e ainda há muitas incertezas pela frente. Seja entregando soluções diferenciadas ou mudando a forma interação entre empresas e clientes, agora, mais do que nunca, é necessário inovar para crescer.
Um olhar mais crítico sobre cada negócio, focado nas necessidades atuais dos clientes, pode ser decisivo na continuidade ou falência das empresas. Inovar não está totalmente ligado à criação de grandes tecnologias, mas em olhar para o que elas entregam, gerar valor e obter diferencial competitivo.
Website: http://www.nuvidio.com.br